Porque hoje é sábado
parei a pensar o que hoje pensei.
E vi as marcas caidas no chão.
Desde que recordo que sou, o sábado é o dia que eu escolhi para ser feliz. Sem regras, nem respeitos, nem preceitos, nem preconceitos, ao sábado sou tal qual eu. Recolho bem fechadas a cadeado numa arca que minha Mãe me deixou, as máscaras, os embustes, as lonjuras, as lérias, as patranhas…
Manuel Paulo. A jeito de Prefácio de novo livro em edição.
O próximo lanço
Desço, degrau a degrau,
sereno, tranquilo,
a escala da vida.
De mãos recheadas
de vidas passadas,
esparjo no lanço que segue
prantos, sorrisos,
paixões, piruetas,
caminhadas, partilhas,
dúvidas, certezas,
interrogações.
Umas quantas são verdes e frescas
da curta memória.
Mas quantas mais
pintadas da cor do outono,
são pedaços de vida
marcantes daquilo que sou.
Na lonjura do tempo,
as dores e as festas,
os altos e baixos
foram virando chão raso.
E no caminhar
do tempo de agora
ó quão belas
as marcas delas
caídas no chão.