Porque hoje é sábado,
parei a pensar o que hoje pensei.
E escolhi-te.
Cada vez que um filho nasceu,
cada vez que quem amo morreu,
sobretudo aqueles de que nem consigo falar,
libertei-me do tempo e do espaço.
E de cada vez que aconteceu
“espreitei esse instante
da frincha da verdade”
e não mais fui eu.
Manuel Paulo em “Espreitei a frincha da verdade”.
80 anos.
É vida cheia de tanto
que nem dá para contar.
Quais pingos de mel
que nos encharcam
de afetos, emoções, encantamentos,
realismos, cumplicidades.
Esta madrugada
deslizei sereno
pelo tempo decorrido.
Olhei através do espelho mágico
que detenho
desde que recordo que sou
e vi pulverizar
como por magia
quanto foi mágoas,
falhanços, ilusões.
Sacudi o pó dos tempos
e o que restou?
A lua cheia refletida
no meu espelho mágico
Iluminando e dando vida
a crenças, a carinhos, a partilhas,
na busca do essencial.
Estamos quase lá.
Que esta caminhada continua
sem tréguas, nem paragens, nem recuos,
de mão dadas,
até Jerusalem.