Porque hoje é sábado
parei a pensar o que hoje pensei.
E pensei. Porque é que estou aqui?
Ah, as #Coincidências. São estranhas, impossíveis, inquietantes e abundam sobretudo na literatura. Não me refiro ao conteúdo dos romances, mas às proximidades da escrita. Ou à relação entre a escrita e a vida real.
A ridícula ideia de não voltar a ver-te – Rosa Montero
É real.
Podes crer.
Tanto do que escrevo
aconteceu
ou está para acontecer.
Vem daí, amigo.
Deixa embalar-te
nas histórias que escrevinho,
que quando as conheceres
deixarão se ser minhas
mas só tuas
e mais de quem as ler.
Vem daí, amigo,
porque tenho
uma pressa tonta de escrever,
de sonhar que tanto quanto escrevo
voltará a acontecer.
tal como
“… cada vez que um filho nasceu,
cada vez que quem amo morreu,
sobretudo aqueles de que nem consigo falar,
libertei-me do tempo e do espaço.
E de cada vez que aconteceu
“espreitei esse instante
da frincha da verdade”
e não mais fui eu. “
até ao dia em que
“… aspirei o aroma dum vulto, qual sombra,
a entrar, de mansinho na multidão.
E parei. Olhei para o alto.
O que vi? O que aconteceu?
Sorriso rasgado do Nuno,
aquele abraço de braços compridos
que aquece, conforta e consola,
que celebra o regresso ao tempo presente
e nos deixa um cheirinho do céu.
Porque certo, certo, eu sei
“… amigo que compões.
Tu tens um sonho.
Lançares essa flecha musicada
ao meu canhenho de letras inseguras,
que desconhecem origem e contexto,
que esperam tuas notas sincopadas
para que se olhem e cuidem arrumadas… “
e já aqui, solene, eu prometo
” … a partir de hoje
proibi-me proibir,
deixar a mão fechada
a alguém que me sorria.
Mostrar-me indiferente
a quem me acaricia.… “
para que no final
“… sigamos o caminho
agarrando as nossas mãos a outras mãos,
que uma a uma, sempre que cruzadas,
nos foram ajudando a enfrentar
o declive da montanha
e chegar a este vale abençoado
mais ricos do que fomos
no cume de partida… “
E tu, amigo, vem daí
contar-me o que dizes,
o que escreves, o que lês
e o que sonhas.
O que és?
Porque é que estás aqui?