Porque hoje é sábado, parei a pensar o que hoje pensei.
E olhei o brilho da estrela do norte.
O poder é como o vinho ou o sumo de medronho ou a pitada da papoila branca que os carabineiros trazem de Esmirna. Devem tomar-se com moderação. Não te deixes embriagar.
Os olhos ficam toldados e já não distinguem o brilho da estrela do norte.
Fernando Campos – O Cavaleiro da Águia
BREXIT
Letra por letra,
ponto por ponto,
palavra por palavra,
leio, releio e tresleio
de olhos toldados
as letras espetadas
no branco do papel
que acima vos conto.
Aqui e agora
que não porque hoje é sábado
mas porque hoje
é o primeiro dia
do resto da minha vida,
e talvez da tua,
eu não quero ver mais nada,
eu não quero ouvir mais nada,
nem cheirar mais nada,
nem provar mais nada,
nem sentir mais nada.
Que não sei se amanhã
eu mais tu e mais aquele
que ignoras ou conheces
serão o TUDO ou nada.
Que eu hoje vi aterrado,
a estrela do norte
dobrar a grande montanha,
escorregar para a outra banda,
essa terra da promessa
onde jorra o leite e mel.
Esse céu
que juraram a pés juntos
ser o meu e ser o teu.
Mas não vou desistir.
Nem debandar.
Nem fugir para a outra banda
onde jorra o leite e mel.
Que na ressaca desse poder
do vinho do medronho e da papoila,
na nova volta que o mundo dará
verei abrirem-se
novos céus e novas terras
e a Estrela do Norte
de novo brilhará.