Porque hoje é sábado
parei a pensar o que hoje pensei.
E fui brincar.
Essa de pôr a falar fontes, relógios, moedas,
foi ideia que se me enformou dentro de mim
pelos anos fora e eu havia de levar a cabo,
precisamente neste ano deste meu relato,
a ultimar o derradeiro dos meus apólogos dialogais.
O prisioneiro da Torre Velha – Fernando Campos
—
Ainda um pouco e me ouvireis.
Mais um pouco e deixareis de me ler
porque irei de viagem.
E em breve serão derradeiras
as fábulas que aqui vos conto.
Urge rever memórias passadas
que teimo em recordar.
Histórias cantadas
sem modo nem nexo
a modos de cena
para a gente brincar.
Do pinheiro fiz um bosque
desse bosque fiz torrente,
da torrente fiz um lago
e do lago fiz pombinhas,
das pombinhas fiz flores,
das flores fiz um tapete,
do tapete fiz canção,
da canção fiz um coreto
no coreto fiz amigo
do amigo fiz irmão.
E foi tão bom.