Porque hoje é sábado,
parei a pensar o que hoje pensei.
E pensei porque existo.
Penso, logo existo.
René Descartes (1596-1650)
Escrevo, logo existo.
Estava escuro.
Iria nascer na manhã seguinte.
Subi ao Céu.
Olhei o mundo
e vio-o a preto e branco.
E vi-o rotulado
em bons e maus,
em belos e mostrengos,
em sós e consolados,
felizes e coitados.
Em luz e trevas,
disfarces e verdades,
disputas e certezas,
perguntas sem resposta,
amores e preconceitos.
Naquele escuro,
em vésperas de nascer,
pensava o que fazer
na hora de existir
num Mundo em colisão.
Em vésperas de nascer
pensei naquele escuro.
Será que existir é escolher
para onde vou?
De qual dos lados estou?
E se quando eu nascer
pensar for existir,
o que irei fazer
no tempo que me resta
do viver?
Saltei o muro.
Escolhi o meu caminho.
Estou dum lado e doutro
na busca aos tropeções
caminhos de verdade.
No tempo que me resta
para viver,
tenho para mim
que pensar não é caminho
de existir.
De tudo quanto sou
de tudo quanto crio
e quanto creio,
tenho para mim
escrevo, logo existo.