Porque hoje é sábado
parei a pensar o que hoje pensei.
E mergulhei bem fundo na festa que se avizinha…
Para quê fazer a festa?
Porquê agora?
Perguntarás.
Se tudo que se vê,
se tudo que se ouve,
se tudo que se sente,
se tudo que se apalpa e proclama,
é falso, é frágil, é cruel?
E porque não?
É que esta madrugada
eu tive a ousadia
de mergulhar bem fundo,
de cabeça,
nesse charco imenso
que é o nosso mundo.
E quanto mais descia
mais o Sol se via.
E face a tanta luz
que já nos ofuscava,
esse esplendor
que a paixão de tantos homens
acudindo a tantos homens
libertava,
eu e tantos outros,
talvez a maioria,
fizemos a promessa:
trazer à tona do charco essa paixão.
Que só a tona é turva,
é frágil e é cruel.
Que o charco cá no fundo
é maná de leite e mel.
E tu, amigo?
Vens fazer a festa comigo?