Porque hoje é sábado
parei a pensar o que hoje pensei.
E pensei no que resta.
Chegará uma época em que não restarão seres humanos para recordar que alguém sequer existiu. Não sobrará ninguém nem para recordar Aristóteles ou Cleópatra, quanto mais a ti.
John Green em A culpa é das estrelas
Era o tempo do nada. Do zero. Do não ser.
Era o tempo em que não conjeturavas
o quando, o como, o onde ias nascer.
E o teu Mundo se gerou quando nasceste
na hora do acaso de viver.
Tal como tu
fui embalado em berço de ternura.
Fui palco e cena de cenas de festim,
ergui na areia castelos de ventura.
Tal como tu
sonhei, criança, conseguir mover o mundo,
na rota duma Virgo abençoada,
tive horas de esplendor, fui vagabundo.
Tal como tu
fui amado, fui bondoso e fui cruel.
Quantas vezes perverti o que tocava,
quantas outras fui pintor e fui pincel.
Tal como tu
foi na noite dessa dor demolidora
que olhando no mais dentro do que sou
achei em mim a tal paz libertadora.
Tal como tu
eu nasci para ser gente e ser lembrado
no de monstro e no de belo que contenho,
no que construí de bom e no sonhado.
E quando não restar ninguém a recordar
e tu e eu formos vultos dum passado
que vivi, que sofri e que gozei,
uma herança do meu tempo restará.
Aquela rosa encarnada que te dei.