Três sábados seguidos, calei o que pensei.
Parti para longes terras em manutenção.
Mas não desconversei.
Levei a minha Teresa como companheira
e Mia Couto como companhia.
Construímos pontes,
desconstruímos posses.
Amamos, falamos, murmuramos.
Saboreamos o eco dos silêncios
que cimenta as pedras do castelo
da nossa relação.
A estrela polar que enxergamos
revelou não ser uma miragem.
Aprendemos a contar novas histórias
e a descobrir novos encantos nas passadas.
Fechamos algumas que agora são memórias
Tal como o poeta em “E se Obama fosse africano”
Ouvimos ” …murmúrios ” que nos trouxeram ” lembranças antes de ter memória. ”
“…perseguimos esse caos seminal…
regressamos a essa condição em que estivemos
tão fora de um idioma que todas as línguas eram nossas.”
Fomos “… impossíveis tradutores de sonhos.”
Termino esta partilha ainda com Mia Couto:
” Vale a pena ler livros ou ler a Vida quando o acto de ler
nos converte num sujeito de uma narrativa, isto é,
quando nos tornamos personagens.
Mais do que saber ler,
será que sabemos, ainda hoje, contar histórias? ”