Carta aos descrentes

Porque hoje é sábado,
parei a pensar o que hoje pensei.
E pensei crédulo.

A ti
que ontem,
para tua surpresa,
entre dois trambolhões
levantaste a taça do triunfo
e volteias por cima da presa
aguardando
picar.

A ti
cuja última esperança
é esperar
que amanheça,
para que esse dia
que começa
seja igual
ao de ontem, ao de hoje
ao de amanhã.

A ti
que instalaste
no teu coração
a perfeição como rotina,
que temes o ódio
e foges do amor,
que usas guarda-chuva
no bom e no mau tempo,
que arrancas por nada
ou quase nada
a raiz ao pensamento.

Esta carta é para ti.
E para mim também!

_______________________

Um bom amigo enviou-me um SHOW dado num debate numa universidade                          Norte-americana pelo ex-ministro da Educação brasileiro Cristóvam Buarque, hoje Senador.
Parei e li.  E pensei.
Como estaríamos hoje se os crédulos comandassem o mundo.
Aqui vai o texto.

Cristóvam Buarque foi questionado por um jovem americano sobre o que pensava da internacionalização da Amazônia. Acrescentou dizendo que esperava a resposta de um Humanista e não de um brasileiro.

Aqui vai a resposta do humanista:

“De fato, como brasileiro eu simplesmente falaria contra a internacionalização da Amazônia. Por mais que nossos governos não tenham o devido cuidado com esse patrimônio, ele é nosso.

“Como humanista, sentindo o risco da degradação ambiental que sofre a Amazônia, posso imaginar a sua internacionalização, como também de tudo o mais que tem importância para a humanidade.

“Se a Amazônia, sob uma ética humanista, deve ser internacionalizada, internacionalizemos também as reservas de petróleo do mundo inteiro. O petróleo é tão importante para o bem-estar da humanidade quanto a Amazônia para o nosso futuro. Apesar disso, os donos das reservas sentem-se no direito de aumentar ou diminuir a extração de petróleo e subir ou não o seu preço.”

“Da mesma forma, o capital financeiro dos países ricos deveria ser internacionalizado.        Se a Amazônia é uma reserva para todos os seres humanos, ela não pode ser queimada pela vontade de um dono, ou de um país.
Queimar a Amazônia é tão grave quanto o desemprego provocado pelas decisões arbitrárias dos especuladores globais. Não podemos deixar que as reservas financeiras sirvam para queimar países inteiros na volúpia da especulação.

“Antes mesmo da Amazônia, eu gostaria de ver a internacionalização de todos os grandes museus do mundo. O Louvre não deve pertencer apenas à França.
Cada museu do mundo é guardião das mais belas peças produzidas pelo gênio humano. Não se pode deixar esse patrimônio cultural, como o patrimônio natural Amazônico, seja manipulado e instruído pelo gosto de um proprietário ou de um país. Não faz muito, um milionário japonês decidiu enterrar com ele um quadro de um grande mestre. Antes disso, aquele quadro deveria ter sido internacionalizado.

“Durante este encontro, as Nações Unidas estão realizando o Fórum do Milênio, mas alguns presidentes de países tiveram dificuldades em comparecer por constrangimentos na fronteira dos EUA. Por isso, eu acho que Nova York, como sede das Nações Unidas, deve ser internacionalizada. Pelo menos Manhattan deveria pertencer a toda a humanidade. Assim como Paris, Veneza, Roma, Londres, Rio de Janeiro, Brasília, Recife, cada cidade, com sua beleza específica, sua historia do mundo, deveria pertencer ao mundo inteiro.

“Se os EUA querem internacionalizar a Amazônia, pelo risco de deixá-la nas mãos de brasileiros, internacionalizemos todos os arsenais nucleares dos EUA. Até porque eles já demonstraram que são capazes de usar essas armas, provocando uma destruição milhares de vezes maiores do que as lamentáveis queimadas feitas nas florestas do Brasil.

“Defendo a idéia de internacionalizar as reservas florestais do mundo em troca da dívida. Comecemos usando essa dívida para garantir que cada criança do Mundo tenha possibilidade de COMER e de ir à escola.
Internacionalizemos as crianças tratando-as, todas elas, não importando o país onde nasceram, como patrimônio que merece cuidados do mundo inteiro.

“Como humanista, aceito defender a internacionalização do mundo.
Mas, enquanto o mundo me tratar como brasileiro, lutarei para que a Amazônia
seja nossa. Só nossa!

 

 

This entry was posted in Parar para pensar porque hoje é sábado. Bookmark the permalink.