07 Julho 2011 – Hoje faz 100 anos a nossa Mãe, Avó, Bisavó, Trisavó Migusta. Digo bem. Faz 100 anos. Esta noite sonhei com ela. Conversamos muito. Pusemos a escrita em dia.
Não acrescento mais nada. A conversa foi só entre nós.
Acrescento sim senhor. Além do poema que o Luís lhe escreveu de Gramado nos seus oitenta anos, vai também o meu dos noventa.
Carta à Mãe…no Céu
Encostei
Minha cabeça
No teu regaço adorado
E sonhei….
Descansado.
Naquele quentinho quando fugia
para a tua cama
e fingias que dormias;
Naquele fogo que via
da janela do meu quarto
de criança
que tu apagavas;
Na cabeça dorida
de tanto esfregar o travesseiro
fingindo doente e tu
que fingias que não vias;
Nos primeiros poemas
rabiscados na parede caiada
do quarto pequenino mas só meu,
que toleravas
e creio eu
até gostavas.
Do primeiro poema à Mãe.
Nem imaginas o que me custou escrever-to.
Era tanto o que tinha a dizer
que não cabia
na gramática que sabia.
Das tuas cartas escritas
comigo em Lamego,
no Colégio.
Nem sonhas como as esperava.
Como as relia
e te procurava para além daquelas
montanhas altas.
E eu no fim do mundo.
De como me fiz Homem.
Contigo sempre comigo.
E como talvez eu te tenha
também
ajudado a ser Mãe.
Mãe de todos os nove.
Mas também só minha.
E só de cada um.
Choro e rio de alegria
Neste dia.
Nas lágrimas e risos
visíveis no teclado
do meu computador
ao compor estes versos,
vai muito do que sou
e do que és.
Bem hajas
Minha Mãe
Meu amor