Porque hoje é sábado
parei a pensar o que hoje pensei.
E pensei longe.
Aos vinte anos li este pensamento de Paul Claudel (1856-1955):
” O poema não é feito dessas letras que eu espeto como pregos,
mas do branco que fica no papel. ”
E a vontade tonta de escrever
não parou mais
Aqui vai a versão legível
Pinceladas
Não sou pintor
e pinto.
Pinto paisagens de sonho,
árvores, jardins, passarinhos,
gaiatos trepando aos ninhos,
rostos sujos de crianças,
meninas de lindas tranças.
A Primavera, o Outono,
recém nascido
dormindo no berço o seu primeiro sono.
Pinto as nuvens, o luar,
os barcos no alto mar.
Pinto os artistas falhados
que julgam, pobres, coitados,
ter assomos de talento.
Pinto o amor, pinto as paixões,
o ódio dos corações,
a guerra, a fome ,a saudade,
a mentira, a verdade.
Não sei pegar a paleta
nem manejar o pincel.
Uso papel e caneta.
E com a tinta azul do meu tinteiro
poderia pintar o mundo inteiro.
Poema publicado no livro Ponto Final