Porque hoje é sábado
parei a pensar o que hoje pensei.
E pensei alto.
Em tempos,
julguei que a dor
comandava a tristeza,
o medo o pavor,
a arte a beleza,
o sonho o amor.
O tempo ensinou-me
que é o tempo
quem tudo governa.
O sonho, a beleza,
o medo, a tristeza.
Mas o tempo
só não é dono da saudade.
E pensei alto:
Não sei
se por fama ou magia
impus outro dia
ao tempo parar.
E o tempo
acatou.
Deixou-me escolher
que fazer
ao tempo parado.
Ou voltar
buscando o passado
ou seguir
prevendo o além.
Deixei
que o tempo
marcasse
o tempo que eu tinha.
O tempo
que o tempo me deu
era pouco.
Qual louco sem rumo,
que o tempo
que o tempo me dava
não dava sequer
p´ra provar
esse beijo gostoso,
esse sonho ditoso
que virou o futuro.
Cabeça na areia,
forçava também
esquecer do passado
aquele momento
medonho
de dor.
Entretanto,
prever o além
era o tempo
de um ai.
Fracção
de segundo.
O tempo
dum sopro de vento
antes de ir
para o Pai.
Hesitei.
Hesitei.
O além
era certo.
O passado
um naco de broa
há muito provado.
Tomara
que alguém
escolhesse
por mim.
………………………
Dei por mim
a aceitar
do passado
o melhor e o pior,
o mais belo e o medonho
em busca de Paz.
Busquei
do passado
um momento fugaz,
que o além é seguro.
E no tempo
que o tempo me deu
no regresso ao passado
retomaste comigo
onde estava
a conversa serena
de noite distante.
E valeu a pena.
………………………………………..
Dei tempo
ao tempo acordar-me.
Do sonho passado,
além do recesso
naco de broa
festejo
o regresso ao presente,
pacificado.
Destempo em Arca da Aliança