Porque hoje é Sábado
parei a lembrar o que hoje pensei.
E pensei triste.
Faleceu ontem o Padre Carlos da Casa do Gaiato.
Sacerdote inteiro. Pilar da Obra da Rua. Esteio de muitos.
Amizade entranhada de tantos anos, cheia de cumplicidades.
Celebrará do Céu as nossas Bodas de Ouro de Dezembro.
São para ele todos os pensamentos de hoje.
Em NOBRE POVO – OS ANOS DA REPÚBLICA, no capítulo O Presidente Rei, Jaime Nogueira Pinto escreve:
” Na véspera do 5 de Dezembro de 1917, no número único de Portugal Futurista, Fernando Pessoa/Álvaro de Campos lançava um mandato de despejo aos mandarins da Europa, declarando a falência geral de tudo por causa de todos e de todos por causa de tudo.” E mais adiante: “A Europa quer grandes Poetas, quer grandes Estadistas, quer grandes Generais!
Quer o Político que construa conscientemente os destinos inconscientes do seu povo!
Quer o Poeta que busque a Imortalidade ardentemente e não se importe com a fama, que é para as actrizes e para os produtos farmacêuticos!
Quer o General que combata pelo Triunfo Construtivo, não pela vitória em que apenas se derrotam os outros!
A Europa quer muitos d´estes Políticos, muitos d´estes poetas, muitos d´estes Generais!
A Europa quer a Grande Ideia que esteja por dentro d´estes Homens Fortes – a ideia que seja o Nome da sua riqueza anónima!
A Europa quer a Inteligência Nova que seja a Forma da sua Matéria caótica!”
Que digo eu?
Vontade de mudança a começar por mim.
Porque
Da camisa fiz um trapo
do escudo fiz vintém
do talento fiz farrapo
do meu povo fiz ninguém.
Do balofo fiz valor
fiz da crença uma utopia
do que é livre fiz temor
do que é falso, romaria.
Humilhei o que é belo
do poder fiz tirania
do abuso fiz modelo
da pobreza maioria.
Que fazer para mudar?
Há aí algum amigo
com vontade de ajudar?